Manual para Equipes de Liturgia
IMPORTÂNCIA E MINISTERIALIDADE DAS
EQUIPES
1 - As Equipes de Liturgia, consideradas aqui não as de âmbito
nacional ou diocesano, mas as de âmbito menor, como as das paróquias e das
pequenas comunidades, são constituídas e formadas para o exercício dos
ministérios particulares, próprios dos cristãos leigos, dado o sacerdócio
batismal destes, conhecido como sacerdócio comum dos fiéis.
Exercidos nas
celebrações litúrgicas, em profunda união e comunhão com o sacerdócio
ministerial ordenado, não são, pois, os ministérios leigos como que uma ajuda
material aos sacerdotes, mas sim participação mais plena no mistério da
Liturgia, sendo então, ao mesmo tempo, direito e dever de todos os cristãos, como
batizados. Aliás, é bom dizer que a assembléia litúrgica, dada a sua realidade
de sujeito principal da celebração, é então toda ministerial, por isso
responsável também pela ação litúrgica.
Embora as Equipes de Liturgia estejam voltadas inicialmente para os
ministérios leigos, seria muito aconselhável que o sacerdote presidente, como
também o diácono, participassem de suas reuniões, quando possível, o que
possibilitaria um entrosamento maior nas celebrações. De qualquer maneira, seja
visto antes da celebração p. ex.: como se fará o Ato penitencial, se todas as
partes fixas serão cantadas ou não (o ideal é que sejam), qual a Oração
Eucarística a ser usada etc., tudo, pois, de acordo com as orientações da IGMR
(n. 111 e 352).
2 - Na sua nova concepção, as Equipes de Liturgia são, pois, um
fruto feliz da renovação litúrgica do Concílio Vaticano II. De fato, a reforma
teve o mérito de enfatizar a participação dos fiéis na liturgia, como direito e
como dever, dada a sua condição de batizados, inseridos que foram no mistério
de Cristo, quando, sacramentalmente, renascem para uma vida nova, também ela
essencialmente missionária, a serviço e a caminho do Reino.
3 - Em paróquias com diversas comunidades, estas precisam de ter sua
própria equipe. Neste caso, é desejável que tenham o mesmo espírito e estejam
articuladas com a equipe principal. Também é de se esperar que cada equipe de
liturgia tenha um coordenador, que seja aceito por todos. Deve ele coordenar a
equipe, convocando e dirigindo suas reuniões e, sempre com outros membros,
procurar o crescimento espiritual de todos.
4 - Os membros de uma equipe litúrgica devem estar conscientes não
só de sua participação na Liturgia, que deve ser sempre mais plena, mas também
de que estão voltados para o serviço do louvor de Deus e santificação dos
homens, dimensão essencial da Liturgia, o que supõe não só atitude orante, mas
também preparação e disposição e, mais ainda, o testemunho existencial e
cúltico, manifestado por uma fé não só rezada e crida, mas também plenamente vivida.
5 - Algumas orientações, de sentido mais celebrativo, são dadas nesse
Manual, o qual, por sua vez, implicitamente, vai exigir encontros de formação,
de interiorização, de avaliação etc., pois é desejável que as Equipes de
Liturgia alcancem, por exigência de sua própria natureza, uma compreensão mais
viva de todo o mistério da salvação que a Igreja celebra, na dinâmica salvífica
do Ano Litúrgico e ao ritmo sobretudo de nossas eucaristias. Pensando em
atualização, as orientações aqui formuladas já estão fundamentadas na nova
Instrução Geral sobre o Missal Romano.
OS MEMBROS DA EQUIPE DE LITURGIA
6 - São membros de uma equipe litúrgica: o acólito, o ministro
extraordinário da Comunhão, o leitor, o salmista, o grupo dos cantores ou
coral, o cantor (ou animador do canto), o organista, o comentarista, os que
acolhem os fiéis, os que fazem as coletas ou delas cuidam, como ainda o
sacristão e o mestre de cerimônias, ou cerimoniário.
AS DIVERSAS FUNÇÕES NA LITURGIA
a) - Funções do
acólito (IGMR n. 98, 100, 187 a 193)
7 - O acólito é instituído para o serviço do altar, auxiliando assim
o sacerdote e o diácono. Na procissão de entrada leva a cruz entre dois
ministros. Durante toda a celebração, cabe ao acólito aproximar-se do sacerdote
ou do diácono para lhes apresentar o livro (Missal e Evangeliário) e ajudá-los
em outras tarefas necessárias.
Convém
portanto que ocupe um lugar do qual possa facilmente cumprir o seu ministério,
quer junto à cadeira presidencial quer junto ao altar. No rito das oferendas, e
na ausência do diácono, o acólito põe sobre o altar o corporal, o sanguinho, o
cálice, a patena, a pala, as âmbulas com hóstias para a consagração e o Missal,
como também auxilia na preparação das oferendas e no Lavabo.
8 - Quando há incensação, o acólito apresenta ao sacerdote o
turíbulo e o auxilia. A incensação na missa acontece: no início, quando são
incensados o altar, a cruz, as relíquias da Santa Cruz e as imagens do Senhor,
expostas à veneração pública, como também as relíquias e as imagens de santos,
expostas também à veneração dos fiéis, cuidando-se para que as relíquias sejam
verdadeiras.
A
imagem de um santo, como também a relíquia, só é incensada uma vez, no início.
A incensação vai continuar depois: na proclamação do Evangelho, no rito das
oferendas (oferendas, cruz, altar e, em seguida, o sacerdote e o povo) e nas
elevações durante a consagração.
9 - Como ministro extraordinário da Comunhão, o acólito instituído
ajuda a distribuir a comunhão e no rito sobre as duas espécies ele deve
ministrar o cálice, função esta, porém, que cabe ao diácono, quando presente.
Pode ainda, quando liturgicamente instituído, terminada a distribuição da
Comunhão, ajudar o diácono ou o sacerdote na purificação dos vasos sagrados, o
que se recomenda seja feito de preferência na credência ou na sacristia, e não
no altar como se costuma fazer sempre, aqui muitas vezes só por hábito ou pelo
sentido prático.
b) - Funções do
ministro extraordinário da Comunhão
10 - Na ausência de acólito instituído, o ministro extraordinário da
Comunhão pode exercer todas as suas funções, entendendo-se que, naquelas
situações em que há a presença tanto do acólito como dos demais ministros
extraordinários, as funções do altar devem ser assumidas em primeiro lugar pelo
acólito ou acólitos instituídos. Na síntese das funções, eles são equiparados,
mas só por ordem prática, dada a distinção entre ministério instituído
(acólito) e ministério por mandato (ministro extraordinário da Comunhão).
11 - Se na igreja, casa de oração, já se pede aos fiéis respeito, reverência
e atitude piedosa, muito mais se espera dos diferentes ministros. Que todos
saibam, pois, portar-se com dignidade e estejam atentos às suas
responsabilidades. Evitem deslocamentos desnecessários, no presbitério ou no
altar, e não chamem atenção para si. Em deslocamento, às vezes necessário,
sejam discretos e simples, sem desviar a atenção da assembleia.
12 - É desejável que tantos os acólitos como os ministros
extraordinários da Comunhão cultivem uma espiritualidade eucarística mais
plena, e a eles seja lembrado o que o bispo diz no rito da instituição:
“Designados de modo especial para este ministério, esforçai-vos por viver mais
intensamente do sacrifício do Senhor, conformando-vos mais plenamente a ele.
Procurai entender o sentido profundo e espiritual daquilo que fazeis,
oferecendo-vos todos os dias como oblações espirituais, agradáveis a Deus por
Jesus Cristo”. E mais: “Servi, portanto, com sincero amor, o corpo místico de
Cristo, que é o povo de Deus, especialmente os fracos e os enfermos...”
Síntese das funções dos acólitos (extensivas aos ministros
extraordinários da Comunhão, quando ausentes os acólitos instituídos)
a) - Na procissão de entrada, conduzir a cruz processional e as
velas. Chegando ao altar, fazer a inclinação simples, isto é, da cabeça;
b) - No evangelho, levar as velas até o ambão;
c) - No rito das oferendas, ajudar o sacerdote a recebê-las. Outros
ministros podem preparar o altar, como indicado mais acima;
d) - Ajudar na distribuição da Comunhão, buscando antes as reservas
eucarísticas no Sacrário. Aqui, depois de abrí-lo, e na volta, antes de
fechá-lo, o ministro faz a genuflexão. Na celebração da Palavra com Comunhão,
ajudar também na distribuição;
e) - Na Comunhão sob as duas espécies, ministrar o cálice, tarefa que
é do diácono, quando presente;
f) - Ajudar na purificação dos vasos sagrados. Comumente se faz no
altar, mas é aconselhável fazê-lo na credencia ou na sacristia, como já foi
dito;
g) - Levar a Comunhão aos doentes;
h) - Expor o Santíssimo Sacramento para a adoração (mas não podem dar
a bênção);
i) - Durante a celebração, como já foi dito, apresentar o Missal ao
sacerdote, nos momentos requeridos (início da celebração e nas orações presidenciais);
j) - Ajudar na incensação nos momentos referidos no número 8 deste
trabalho.
Deve-se distribuir as funções aqui referidas entre os vários ministros,
quando for o caso (cf. IGMR n. 109), reservando-se aquelas mais diretamente ao
altar, no auxílio ao sacerdote e ao diácono, como já se falou, para os acólitos
instituídos. Também o sacerdote presidente, em caso de necessidade, pode
delegar a pessoas idôneas a função de ministros extraordinários da Comunhão
para o momento, ou seja, ad hoc (IGMR n.100). O que não deve - diga-se - é
abusar desse expediente e dispensar a formação e constituição normal da equipe
de ministros e de acólitos.
c) - Funções do
leitor (IGMR n. 59, 99, 101, 194 a 198)
13 - Tudo aquilo que se diz do acólito instituído e que, na sua
ausência, pode ser assumido por outros leigos, como os ministros
extraordinários da Comunhão, aqui também, com relação ao leitor instituído,
acontece o mesmo: não havendo aqueles que receberam o ministério pela
instituição, então outras pessoas, devidamente preparadas, podem assumir a sua
função.
14 - O leitor tem o mérito de ser aquele pelo qual a Palavra de Deus
chega inicialmente à assembleia, em preparação do ponto culminante, que vai ser
o Evangelho. Ele é, pois, um arauto da mensagem salvífica, um precursor da Boa
Nova, podemos dizer. Daí a importância e a dignidade de sua função ministerial.
Por isso, é preciso que ele se prepare para o exercício de tão nobre função,
familiarizando-se com o texto bíblico, também quanto ao gênero literário
(profecia, parábola, sapiencial, epístola etc.), revelando pela leitura ter
assimilado a mensagem que transmite à assembleia.
15 - Cristo Nosso Senhor, na Sagrada Liturgia, primeiro nos é dado
como Palavra salvadora (o Pão da Palavra) e, depois, como Pão da vida eterna, a
Eucaristia. Por isso falamos também de duas mesas, a da Palavra (ambão), e a do
Pão Eucarístico (altar). Vê-se, pois, que a Palavra de Deus, na Liturgia, é de
valor sacramental. Assim, não deve ser apenas lida, mas proclamada, como coloca
agora a nova Instrução Geral (cf. IGMR n. 59), já antes também enfatizada pelo
Rito das Ordenações, como se vê no Rito de Instituição dos Leitores.
Proclamada, a Palavra de Deus se torna celebração, festa, um acontecimento,
pois, salvífico.
16 - Uma orientação, de ordem prática: no exercício de seu
ministério, o leitor não precisa dizer, por exemplo: “Proclamação da profecia
de Isaías...”, ou “Leitura da epístola de São Paulo aos romanos”, mas melhor
seria simplesmente dizer: “Profecia de Isaías”, ou “Carta de São Paulo aos
romanos”. Em sentido litúrgico, não é necessária também a citação de capítulos
e versículos do livro sagrado. Também o diácono ou o sacerdote deveria dizer:
“Evangelho de NSJC, segundo Mateus”, por exemplo, preferível a “Proclamação do
Evangelho...”
17 - Para o bom exercício de seu ministério, algumas exigências,
mínimas, de ordem técnica, devem ser lembradas e pedidas ao leitor, como:
a) - Vocalização, isto é, o cuidado especial em pronunciar bem cada
sílaba, cada palavra;
b) - Regulação do volume da voz, de modo que se ouça bem o que é
dito, especialmente em fins de frase;
c) - Regulação do ritmo da leitura, reduzindo ou acelerando a emissão
de voz, segundo o caso, mas sobretudo intercalando pausas nas vírgulas e nos
pontos;
d) - Modulação da voz, ou seja, mudando de tom, quando as variações
do texto assim o exigir. Isto acontece porque o texto deve ser lido de acordo
com o seu gênero literário.
18 - A exemplo do que se recomenda aos acólitos e aos ministros
extraordinários da Comunhão, com referência a espiritualidade, aos leitores
também se faz a mesma exortação. É desejável, pois, que eles, no exercício de
sua função, se dediquem ao cultivo da espiritualidade bíblica,
familiarizando-se não só com a Sagrada Escritura, mas também com os lecionários
e com a dinâmica litúrgica da Palavra de Deus nos três ciclos de A, B e C. Daí
a necessidade de encontros de formação, de retiro, para uma compreensão mais
plena, por exemplo, da dinâmica do Ano Litúrgico em toda a Liturgia.
19 - Útil a todos os leitores, e não somente aos que receberam o
ministério instituído, é a exortação do bispo no rito de instituição:
“Tornando-vos leitores ou proclamadores da Palavra de Deus, ireis colaborar
nessa missão. Recebereis assim um ministério especial dentro do povo de Deus e
sereis delegados para o serviço da fé, que se fundamenta na Palavra de Deus.
Proclamareis esta Palavra na assembléia litúrgica, instruireis as crianças e os
adultos, preparando-os para receberem dignamente os sacramentos”. E ainda:
“Anunciando aos outros a Palavra divina, sede também dóceis ao Espírito Santo,
recebendo-a de coração aberto, e meditando-a assiduamente, a fim de amá-la cada
vez mais. Manifestai pelas vossas vidas Jesus Cristo, nosso Senhor”.
SÍNTESE DAS
FUNÇÕES DO LEITOR
a) - Na procissão de entrada pode o leitor levar o Evangeliário, que
colocará sobre o altar. Neste caso, caminha à frente do sacerdote e, chegando
ao altar, não faz nenhuma inclinação. Não levando o Evangeliário, caminha junto
com os outros ministros e com estes faz inclinação do corpo. Atente-se para o
“pode”: isto significa que, na procissão de entrada, é facultativo levar ou não
o Evangeliário, mas, saibamos: a presença do livro, no início da celebração,
contribui para um rito mais solene, pois ele é símbolo cristológico, presença
que se torna mais significativa ainda quando a Eucaristia vai ser presidida
pelo Bispo.
b) - Além de proferir as leituras bíblicas, exceto o Evangelho, o
leitor pode igualmente propor as intenções para a oração universal e, na
ausência do salmista, pode também cantar ou recitar o salmo entre as leituras.
Pode ainda recitar, no momento próprio, as antífonas do Missal. No rito de
instituição, o Bispo diz que os leitores são catequistas da Palavra de Deus.
20 - Dada a ênfase que se dá hoje à participação dos fiéis na Sagrada
Liturgia, o ideal, porém, é que haja verdadeira distribuição de funções, como
deixa transparecer também a Instrução Geral (n. 91), referindo-se aos
princípios da reforma litúrgica do Vaticano II, que diz: “Nas celebrações
litúrgicas, cada qual, ministro ou fiel, ao desempenhar a sua função, faça tudo
e só aquilo que pela natureza da coisa ou pelas normas litúrgicas lhe compete”
(SC 28).
21 - Embora então o próprio Missal permita para o leitor as diversas
funções, como se explicitou acima, não devemos cair na tentação de procurar o
lado prático, admitindo, em circunstâncias não aplicáveis ao espírito da
Liturgia, que um mesmo leitor, p. ex., por ter qualidades maiores, venha a
monopolizar tais funções.
Opostamente ao que aqui se diz, ou seja, um único elemento também da
celebração, como p. ex., a mesma leitura, não convém que seja dividida entre
vários leitores, um após o outro, como acontece, às vezes, com participação de
um casal, a não ser que se trate da Paixão do Senhor (cf. IGMR n. 109).
d) - Funções do
salmista (IGMR n. 61 e 102)
22 - “Compete ao salmista proclamar o salmo ou outro cântico bíblico
colocado entre as leituras. Para bem exercer sua função, é necessário que o
salmista saiba salmodiar e tenha boa pronúncia e dicção” (IGMR n. 102).
23 - Embora a Instrução Geral fale de “proclamar”, e que é correta,
dada a natureza poética do salmo, contudo, liturgicamente, é melhor falar de
canto ou recitação, principalmente na modalidade “responsorial”, que é a mais
antiga. O salmo é a resposta da assembléia à palavra ouvida, portanto tem
dimensão ascendente e, na modalidade proposta, o salmista canta ou recita a
antífona, que a assembléia responde no mesmo tom, continuando o salmista a
cantar ou recitar as estrofes entre as quais a assembléia repete a antífona.
Aqui deve, pois, o salmista entender a dinâmica da salmodia e deixar que a
assembléia responda, sem querer com ela responder também, o que às vezes muito
se vê, mas impropriamente.
24 - A Instrução Geral fala apenas de “saber salmodiar e ter boa
pronúncia e dicção”, mas recomenda-se ao salmista cultivar também a
espiritualidade bíblica e sálmica, identificando-se com o autor sagrado nos
diferentes gêneros sálmicos. Aqui, é desejável, pois, a formação bíblica,
especialmente aquela ligada à salmodia.
e) - Funções dos
cantores, coral, animador do canto, músicos e organistas (IGMR n. 39,40, 103 e
104)
25 - “Entre os fiéis, exerce sua função litúrgica o grupo dos
cantores ou coral. Cabe-lhe executar as partes que lhe são próprias, conforme
os diversos gêneros de cantos, e promover a ativa participação dos fiéis no
canto” (IGMR n. 103). Portanto, trata-se de verdadeiro ministério, a serviço da
Liturgia, pois o canto nela constitui um sinal de alegria do coração (cf. At
2,46), e São Paulo aconselha os fiéis, que se reúnem em assembléia, a cantarem
juntos “salmos, hinos e cânticos espirituais” (cf. Cl 3,16). Também Santo
Agostinho já dizia que “Cantar é próprio de quem ama” (cf. Sermão 336), e todos
nós conhecemos o provérbio antigo, segundo o qual “Quem canta bem, reza duas
vezes”.
26 - Vê-se, pois, pela Instrução que não é função dos cantores
substituir os fiéis na execução do canto litúrgico, mas favorecer e ajudar a
sua participação. Mas isso, às vezes, não acontece. Muitos cantam sozinhos, em
tom exageradamente alto, dificultando a participação de todos.
Outras vezes são os instrumentos que acabam abafando a voz dos fiéis.
Ouve-se a música, mas não se ouve a mensagem, a letra, e esta é mais
importante. Também, às vezes, canta-se algo que é apenas do gosto dos cantores,
sem nenhuma fidelidade ao tempo litúrgico ou à festa que se celebra. Tudo isso
precisa ser avaliado e repensado, para que o canto litúrgico recupere a sua
importância no âmbito da Liturgia. Portanto:
a) - Procurem os responsáveis pelo canto cantar com a assembléia, e
não para a assembléia. Devem cantar a liturgia, e não na liturgia. Quer dizer:
os cantos devem estar identificados com a festa ou com o tempo litúrgico, como
também com o rito que eles acompanham, ou com o rito que eles próprios são.
Evitem os cantores com suas vozes abafar a voz do povo;
b) - A equipe de cantores precisa conhecer a função dos cantos na
liturgia. Uns acompanham o rito, como os cantos processionais de entrada, das
oferendas e da comunhão, e também o “Cordeiro de Deus”, este acompanha o rito
da fração do pão. Assim, estes cantos devem começar quando se inicia o rito, e
encerrar quando o rito se encerra. Continuar o canto depois que o rito terminou
não tem sentido. Outros cantos são o próprio rito, como o Ato penitencial
(quando cantado), o Glória, o “Creio”, o Santo, estes constitutivos das partes
fixas da Missa. A Instrução Geral fala de “diversos gêneros de cantos”;
c) - Devem ainda os cantores participar vivamente da liturgia,
voltados para o altar, não ficando apenas no exercício ministerial do canto,
como que participando da liturgia apenas quando cantam. Que todos, pois, possam
ter uma participação mais plena na Missa. Para isso sejam colocados de tal
forma no espaço da igreja que claramente se manifeste a sua natureza, isto é,
que fazem parte da assembléia dos fiéis, onde exercem um papel particular (cf.
IGMR n. 312). Evitem ainda, entre si, durante a celebração, conversas
desnecessárias, que acabam desviando a atenção do ato litúrgico;
d) - Os instrumentistas não devem afinar instrumentos na hora da
celebração, e o tom das notas não deve ser exageradamente alto, abafando a
letra que, na liturgia, como já se falou, é mais importante.
27 - Conforme a Instrução Geral, “o que se diz do grupo de cantores
vale também, com as devidas ressalvas, para os outros músicos, sobretudo para o
organista”. E conclui dizendo que “mesmo não havendo um grupo de cantores,
compete ao cantor dirigir os diversos cantos, com a devida participação do
povo”.
28 - É desejável então, finalmente, que o canto litúrgico tenha nas
celebrações o seu devido apreço, visto ser ele parte integrante das ações
litúrgicas, e não mero enfeite festivo. Daí a necessária percepção da real
função do canto na liturgia, isto é, da sua ministerialidade na celebração. Na
prática, muitas vezes, se vê um canto sem tanta importância litúrgica
elaborado, porém, com muito esmero, e outro, de maior importância, como que não
trabalhado devidamente, o que acaba por manifestar desconhecimento por parte
dos responsáveis pela equipe do canto.
Um
exemplo para esclarecer o que aqui se diz: pode acontecer que o canto das
oferendas (que é de pouca importância litúrgica, classificado como suplementar)
seja bem trabalhado e executado, o mesmo não acontecendo com o Santo, este como
canto de primeiro grau, e que às vezes nem mesmo é cantado, mas apenas
recitado. Fala-se aqui dos graus de importância do canto na Liturgia, ou seja,
da compreensão de sua graduação.
f)
- Funções do comentarista (IGMR n. 105b e 124)
29 - Sobre o comentarista, devemos dizer que sua função, a serviço dos
fiéis, deve conter breves explicações e exortações, visando dispor a comunidade
para uma participação também mais plena e consciente. Sejam então suas
explicações cuidadosamente preparadas, sóbrias e claras. Deve ele exercer a sua
função em lugar adequado, voltado para a assembléia, uma vez que está a serviço
dela, mas não deve fazê-lo do presbitério e, muito menos, do ambão.
30 - Com relação ao ministério do comentarista, algumas orientações, de
ordem também pratica, talvez sejam valiosas. Assim, na Liturgia da
Palavra, por exemplo, em vez de antecipar explicações de
seu conteúdo ou de sua temática, o ideal é que ele convide a assembléia
simplesmente a ficar assentada, predispondo-a para a escuta atenta da Palavra
de Deus.
31 - Entendamos: referindo-se a “primeira leitura”, “segunda
leitura”, o comentarista estará falando o óbvio, isto é, aquilo que toda a
assembléia já sabe. Voltando ao tema da Palavra de Deus, muitas
vezes aquilo que ele diz não é o que a Liturgia de fato está celebrando, dada a
riqueza da revelação bíblica, com suas múltiplas aplicações. Melhor, pois, é
deixar que Deus fale. Cabe à assembléia ouvir. De acordo então com o que aqui
se propõe, o comentarista poderia, quando muito, dizer, com
sobriedade: “Assentados. Vamos celebrar a Liturgia da Palavra. Atentos, ouçamos
o que Deus vai nos dizer. No Evangelho, diria simplesmente: “De pé,
vamos aclamar e ouvir o Evangelho, como Palavra de vida e de paz”.
32 – Com relação aos ritos iniciais, a IGMR, no n° 50, vai dizer: “Feita
a saudação ao povo, o sacerdote, o diácono ou um ministro leigo, pode, com
brevíssimas palavras, introduzir os fiéis na missa do dia”. Como se sabe, à
saudação aqui referida, o povo responde “Bendito seja Deus que nos reuniu no
amor de Cristo”, momento em que a assembleia se vê de fato liturgicamente
constituída. E o Guia Litúrgico Pastoral, da CNBB, na página 32, esclarece: “Só
depois desta saudação, convém situar a celebração no tempo ou festa litúrgica e
na realidade da comunidade com a recordação da vida, especialmente em
comunidades menores, nas quais os fiéis podem efetivamente recordar em voz alta
os acontecimentos. E diz ainda o Guia Pastoral: "Evitem-se
os costumeiros “comentários iniciais”.
Nota:
“Introduzir
os fiéis na missa do dia” é o mesmo que situar a celebração no tempo ou festa
litúrgica. Assim, o sacerdote ou o comentarista diria simplesmente: “Reunidos
então no amor de Cristo, celebremos, com viva alegria, o seu mistério pascal,
nesse 3° domingo do Tempo Comum (mudando-se, conforme o domingo ou festa).
Como recordação da vida, devemos entender o espaço ideal para manifestar os
fatos marcantes da vida da comunidade: bodas, momentos de dor e de luto,
missas de 7° e 30° dia, e acontecimentos marcantes da semana que passou, seja
no bairro, na cidade, na região ou no mundo.
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33 - Não é preciso nem conveniente que o comentarista diga exatamente as
palavras dos exemplos acima, que podem portanto ser mudados, melhorados e
atualizados. Na Liturgia da Palavra, em algumas comunidades,
costuma-se dizer o nome do leitor, mas não é recomendável, pois a atenção deve
voltar-se para o Senhor que fala, sendo aqui o leitor instrumento que Deus usa
para comunicar-se com o seu povo. Dadas as orientações do Guia
Litúrgico-Pastoral da CNBB e da Instrução Geral do Missal Romano (IGMR),
a celebração da Eucaristia pode ser iniciada simplesmente com o canto de
entrada, dispensando muitas vezes longo palavreado que nada acrescenta à sua
eficácia litúrgica.
g) - Funções da
equipe de acolhida (IGMR n. 105d)
34 - É desejável que em todas as celebrações, principalmente as da
Eucaristia, haja um grupo de leigos que, no espírito da liturgia, acolham os
fiéis, levando-os aos seus lugares, principalmente quando se trata de pessoas
idosas, de crianças e de deficientes. Tal acolhida muito os ajudará na
participação, na compreensão e na descoberta do espírito fraterno, que sempre
deve manifestar-se na Liturgia.
É claro que a equipe de acolhida deve ser constituída por pessoas comunicativas,
respeitosas e alegres. Um grupo de “cara fechada” ou “de rosto sombrio”, poria
tudo a perder. Lembremo-nos de que, se a Igreja não sabe acolher os seus
membros, muito menos saberá acolher os de fora (aqui o mundo inteiro) para
pregar-lhes o Evangelho da salvação.
h) - Funções da
equipe das oferendas (IGMR n. 73a, 105c, 140)
35 - Como sabemos, nos primórdios da Igreja, os dons do pão e do vinho,
como também a ajuda para os mais necessitados, eram trazidos de casa pelos
fiéis e apresentados ao sacerdote neste momento (que nós chamamos de preparação
e apresentação das oferendas, não mais portanto de ofertório, como se dizia
antigamente).
36 - O verdadeiro
ofertório, como se sabe, só é celebrado após a consagração. Portanto, esse
momento, por causa de sua simbologia, deve, em nossas celebrações, ser assumido
pela assembléia, representada, por alguns de seus membros, que serão
previamente convidados para tal função, também na modalidade de equipe, se
possível. Evitar, pois, que ministros que estão no presbitério desçam para
realizar ou preparar a procissão das oferendas.
Cada comunidade pode ter aqui a sua criatividade e sua liberdade e, variando,
convidar, por exemplo, pessoas que tenham alguma identificação com o tema celebrado ou comemorado (dia das mães, dos pais, dos catequistas, das
crianças etc.). Os que fazem a procissão das oferendas sejam instruídos para
que, chegando ao altar, façam inclinação simples, atendendo a orientação da
Instrução Geral.
i) - Funções do
sacristão (IGMR n. 105a)
37 - A Instrução nomeia também a figura do sacristão, que é aquele “que
dispõe com cuidado os livros litúrgicos, os paramentos e outras coisas
necessárias para a celebração da missa”. Acrescentamos ainda: para cuidar das
hóstias não consagradas, do vinho, da igreja, como casa de oração, abrindo-a e
fechando-a. É função simples, mas de importância capital, que deve, pois, ser
exercida no mesmo espírito de todos os ministérios.
j) - Função do
cerimoniário (IGMR 106)
38 - Sobre o cerimoniário ou mestre de cerimônias, diz a Instrução Geral: “É
conveniente, ao menos nas igrejas catedrais e outras igrejas maiores, que haja
algum ministro competente ou mestre de cerimônias, a fim de que as ações
sagradas sejam devidamente organizadas e exercidas com decoro, ordem e piedade
pelos ministros sagrados e os fiéis leigos”.
OUTRAS CONSIDERAÇÕES PARA A COMPREENSÃO
DOS MINISTÉRIOS LEIGOS
39 - Aqui são dadas outras orientações, às vezes gerais, que podem
ajudar no enriquecimento e na compreensão dos ministérios leigos. Vejamos:
A DISPOSIÇÃO FÍSICA DO ESPAÇO CELEBRATIVO DA
IGREJA
40 - “O sacerdote celebrante, o diácono e demais ministros
(leitores, salmistas, ministros extraordinários da Comunhão) tomarão lugar no
presbitério” (IGMR n. 294c). Aí também serão dispostas as cadeiras dos
concelebrantes, tudo exprimindo a ordenação hierárquica da Igreja e
constituindo uma unidade íntima. Também esteja junto da cadeira do presidente a
cadeira do diácono. Para os demais ministros, sejam dispostas as cadeiras de
maneira tal que se distingam claramente das do clero, e eles possam exercer com
facilidade a função que lhes é confiada (cf. IGMR n. 310c).
41 - A cadeira do presidente da celebração deve distinguir-se das
demais, também pelo bom gosto, manifestando a função de presidência. Não deve,
porém, assemelhar-se a trono. Na celebração, o lugar apropriado para a cadeira
do presidente é de frente para o povo, no fundo do presbitério, a não ser que o
espaço físico da igreja não facilite tal disposição (IGMR n. 310).
42 - De acordo com a Instrução Geral, os outros ministros
(comentaristas, cantores, organistas etc.) não tomam lugar no presbitério, uma
vez que fazem parte da assembléia dos fiéis e, como estão diretamente a serviço
dela, no que diz respeito à sua participação, devem ser colocados de tal forma
que a execução de suas funções se torne mais fácil e que cada um de seus
membros possa participar mais plenamente da missa, também na participação mais
plena que é a sacramental (cf. IGMR n. 312).
UM EXEMPLO
RITUAL E CELEBRATIVO: A PROCISSÃO DE ENTRADA
43 - Na procissão de entrada, início, pois, da celebração eucarística,
verifica-se a primeira
atuação dos ministros leigos, em rito celebrativo. Já desde então devem eles
estar conscientes de sua função, de sua dignidade e de sua participação
litúrgica. Para este rito inicial, propõe a Instrução Geral (n. 120) que ele
tenha a seguinte ordem:
a) - O turiferário (acólito) com o turíbulo aceso, quando se usa
incenso;
b) - Os ministros que portam as velas acesas (ceroferários) e, entre
eles, o acólito ou outro ministro com a cruz (cruciferário);
c) - Os acólitos e os outros ministros;
d) - O diácono (ou o leitor), que pode conduzir um pouco elevado o
Evangeliário, não, porém, o Lecionário. O Evangeliário deve ser posto sobre o
altar, levado depois para o ambão e, depois do Evangelho, colocado em lugar
adequado, não mais sobre o altar;
e) - O sacerdote que vai presidir a Eucaristia.
O canto de entrada, que dá início à
celebração, acompanha o rito processional do sacerdote e dos ministros.
Geralmente se encerra quando o sacerdote chega ao lugar da presidência. Havendo
incensação do altar, pode prolongar-se até o fim da incensação.
GESTOS E
POSIÇÕES DO CORPO (IGMR n. 42 a 44)
44 - Diz a IGMR: “Os gestos e posições do corpo, tanto do sacerdote, do
diácono e dos ministros, como do povo devem contribuir para que toda a
celebração resplandeça pelo decoro e nobre simplicidade...” E ainda: “A posição
comum do corpo, que todos os participantes devem observar, é sinal da unidade
dos membros da comunidade cristã, reunidos para a sagrada Liturgia, pois
exprime e estimula os pensamentos e os sentimentos dos participantes”. Em
seguida, a Instrução Geral nos fala das posições, que são:
Nos ritos iniciais, na aclamação e proclamação do Evangelho, no “Creio”,
na Oração da Comunidade, depois do “Orai, irmãos” até antes da Consagração, e
nos ritos finais.
Nas leituras antes do Evangelho, durante o salmo responsorial, na
homilia, durante a preparação e apresentação das oferendas e após a Comunhão,
em silêncio sagrado.
Durante a comunhão, as pessoas idosas e as doentes podem ficar
assentadas. Se o rito da Comunhão for também longo, por causa de assembléia
numerosa, não há inconveniência de que fiquem assentados os que já comungaram,
assim pensamos. A posição de pé de fato é a mais expressiva e simbólica, dado o
seu sentido pascal, mas aqui deve valer também o bom senso, a compreensão, e
não só o aspecto normativo, mesmo considerada a sua nota simbólica.
Durante a Consagração, a não ser em circunstâncias especiais, como:
motivo de doença, falta de espaço, grande número de presentes ou outras causas
razoáveis). Em tais circunstâncias, porém, a Instrução aponta para aqueles que
não se ajoelham fazer inclinação profunda enquanto o sacerdote faz genuflexão
após a consagração. Deixa no entanto a cargo das Conferências Episcopais
adaptar, segundo as normas do direito, tais posições, de acordo também com a
índole e as legítimas tradições dos povos.
45 - Quanto a ficar de joelhos, durante a Consagração, pensamos que
seria muito mais de acordo com a Liturgia a posição de pé, porque esta posição
sinaliza para a posição de ressuscitados e é a mais importante da Liturgia. A
posição de joelhos continua apontando para uma atitude adorante e externa, que
é própria do culto eucarístico, fora da missa.
Da mesma maneira, vemos, com preocupação, a atitude de algumas
assembléias de, nas elevações da Consagração, dizer “Meu Senhor e meu Deus” e
ainda, depois do “Eis o mistério da fé”, cantar cantos eucarísticos, omitindo
inclusive a aclamação memorial, sendo esta profundamente pascal e de sentido
escatológico, principalmente a primeira das aclamações propostas “(Anunciamos,
Senhor, a vossa morte...”).
46 - Tais gestos e atitudes prejudicam grandemente a Oração Eucarística,
em sua dinâmica e em suas articulações, constituindo-se, pois, mais em desvios
teológicos do que propriamente em criatividade litúrgica. Na verdade, tais
procedimentos não favorecem um crescimento na fé eucarística nem possibilitam
uma participação mais plena na Liturgia.
47 - Mesmo literalmente seguindo as orientações da Instrução
Geral, que só fala da posição de pé para o diácono, pensamos que seria mais
conveniente que pelo menos os ministros que se encontram no presbitério
ficassem de pé durante a Consagração, uma vez que eles, na dinâmica mais
operativa da celebração, não fazem parte da assembléia em sentido físico,
espacial, pois estão a serviço da Palavra de e do altar.
D) - GENUFLEXÃO (IGMR N. 274)
48
- Faz-se a genuflexão dobrando o joelho direito até o chão. É gesto litúrgico
que significa adoração. Este gesto é reservado ao Santíssimo Sacramento e à
adoração da Cruz, desde a solene Ação Litúrgica da Sexta-Feira da Paixão até o
início da Vigília Pascal. Portanto, foi abolida a genuflexão dupla, isto é, com
os dois joelhos.
A
chamada genuflexão dupla já foi totalmente abolida. O documento “A Sagrada
Comunhão e o Culto do Mistério Eucarístico fora da Missa”, no n. 84, diz:
“Diante do Santíssimo Sacramento, faz-se a genuflexão simples, quer esteja no
tabernáculo quer exposto para adoração pública”.
49
- Para a prática litúrgica, porém, sabemos que, para pessoas idosas ou doentes,
tal gesto se torna difícil, podendo ser substituído - assim pensamos - pela
inclinação profunda, ou mesmo simples. O que se deve levar em conta, em matéria
litúrgica, não é a literalidade das rubricas, mas o bom senso e a caridade,
para não cairmos em novo rubricismo.
50 -
Na missa o sacerdote faz três genuflexões: depois da apresentação da hóstia,
após a apresentação do cálice e antes da Comunhão (IGMR n. 274b). Caso haja no
presbitério tabernáculo com o Santíssimo Sacramento, o sacerdote, o diácono e
demais ministros fazem a genuflexão quando chegam ao altar e quando dele se
retiram, não, porém, durante a celebração da missa (cf. IGMR n. 274c). Os
ministros que levam a cruz processional e as velas, em vez da genuflexão, fazem
a inclinação simples (IGMR n. 274e).
51
- A genuflexão também é feita por todos os fiéis diante do tabernáculo com o
Santíssimo Sacramento e, como já se falou, pelo ministro extraordinário da
Comunhão, ao buscar as reservas eucarísticas para a Comunhão. Nesta hipótese,
faz-se a genuflexão depois de abrir o tabernáculo e, no fim, antes de fechá-lo.
E) - INCLINAÇÃO (IGMR N. 49A,
173B E 275)
52 - Pela inclinação se manifesta reverência e honra a pessoas ou a seus
símbolos. Há duas espécies de inclinação: inclinação profunda, que se faz com o
corpo; e inclinação simples, que se faz com a cabeça.
53 - A inclinação profunda, ou
seja, do corpo, se faz: ao altar, em algumas orações privadas do presidente; no
Creio, às palavras “E se encarnou”; no Cânon Romano (Oração Eucarística I), às
palavras “Nós vos suplicamos”. O diácono faz também esta inclinação quando pede
a bênção ao presidente antes de proclamar o Evangelho. Da mesma maneira, é
colocada pela Instrução Geral também tal inclinação para aqueles que não podem
ajoelhar-se durante a consagração. A inclinação profunda ao altar, na missa,
pelo sacerdote e ministros, só se faz também no início e no fim da celebração.
54
- Já a inclinação simples, isto é, da cabeça, se faz: quando se nomeiam as três
Pessoas Divinas e quando se pronuncia o nome de Jesus, da Virgem Maria e do
Santo, em cuja honra se celebra a missa, o que, porém, na prática quase não se
verifica.
55
- Fazem ainda inclinação simples, quando chegam ao altar: o cruciferário,
levando a cruz processional; os ministros levando as velas (ceroferários); como também, depois, os fiéis
que levam as ofertas (cf. IGMR n. 274e). Note-se que os demais ministros, por
nada levarem, fazem a inclinação profunda (IGMR n. 49a). Já o diácono ou o
leitor, quando leva o Evangeliário, não faz nenhum gesto, dispensado por causa
da dignidade e nobreza do Evangeliário (IGMR n. 173). Quanto ao diácono, em
qualquer circunstância, juntamente com o sacerdote ele faz a reverência ao
altar, beijando-o, no início e no fim da celebração.
56
- O silêncio na liturgia não é mera ausência de sons ou de vozes. Não é pausa
para descanso na celebração, ou momento de espera e de passagem de um rito a
outro. É, sim, convite para entrar no coração da liturgia, no cerne do mistério
pascal. O silêncio litúrgico nos coloca disponíveis à ação do Espírito Santo.
O
Espírito nos fala no silêncio, de modo que encher-se de silêncio é encher-se do
Espírito. Onde o mistério é mais profundo, mais elevado deve ser o silêncio,
pois aí age mais intensamente o Espírito de Deus. Colocado em seu devido lugar
na liturgia e respeitada a sua ministerialidade, o silêncio se torna não só
momento oportuno que favorece uma participação mais viva, como também já pode
ele mesmo ser entendido como expressão de viva participação.
57
- Romano Guardini disse que é com o aprendizado do silêncio que se deve começar
a vida litúrgica. Daí sua importância para as Equipes de Liturgia. De fato
sabemos que o silêncio favorece a meditação, mergulha-nos no mistério de Deus e
de nós mesmos, como também favorece em nós a contemplação dos bens eternos.
A realidade, porém, de muitas de nossas celebrações pode ser um desafio para a
aprendizagem do silêncio, pois estas passaram de um acontecimento até então
silencioso e equilibrado para uma celebração exageradamente sonora, cheia de
palavras e músicas, com sons às vezes estridentes, ruidosos mesmo, em
detrimento da mensagem do canto e, o que é pior, abafando a voz da assembléia
celebrante, sem ainda levarem em conta que muitos dos que vêm celebrar já foram
“bombardeados” pelo vozerio atordoante e pelo alarido do mundo em que vivemos.
58
- É de se desejar que o silêncio recupere, pois, o seu lugar em nossas
liturgias, como sempre se verificou na tradição da Igreja. E essa volta ao
silêncio deve começar sobretudo pelos que exercem algum ministério da Liturgia.
Saibamos que o silêncio na liturgia não é mutismo, ou seja, um silêncio mudo,
mas silêncio litúrgico, sagrado, silêncio, pois, “como parte da celebração”
(cf. IGMR n. 45 e 56). Na liturgia, o silêncio tem várias qualidades,
dependendo do momento da celebração. Assim temos: silêncio de recolhimento, de
assimilação, de meditação, de louvor, orante, silêncio enfim que nos mergulha
no âmago do mistério, de Deus e de nós mesmos. Recomenda-se, pois, o silêncio:
Antes
mesmo de se iniciar a missa, favorecendo um clima de interiorização e
derecolhimento, como também no Ato penitencial e após o convite nas orações
presidenciais, como pausa silenciosa;
Durante
as orações presidenciais, principalmente na Oração Eucarística, na sua escuta
ativa;
Após
as leituras, como também após a homilia, meditando brevemente o que foi ouvido;
Após
a Comunhão, quando oportuno. Aqui o silêncio pode ser substituído por um canto
de louvor, que não seja, porém, “duplicata” ou extensão do canto de comunhão
Neste caso, não é necessária a pausa antes da oração final.
Durante
a Consagração. Aqui atitude orante, em silêncio profundo, eloqüente, adorante,
sim, mas interior, sem aquelas manifestações externas próprias do culto à
Eucaristia fora da celebração da missa. Mesmo diante da grandeza do mistério e
de nossa pequenez, a Liturgia não nos pede para estarmos cabisbaixos na Consagração,
como às vezes se comportam muitos fiéis. Devemos, sim, estar voltados para o
altar, pois o que nele acontece é ação de Cristo e de toda a Igreja, portanto
de todos nós, que ele quis associar a si na obra da redenção.
BIBLIOGRAFIA:
-
IGMR - Instrução Geral sobre o Missal Romano (novo)
- Rito das Ordenações